Leila Diniz
No dia 25 de março de 2010 Leila Diniz faria 65 anos, mas morreu aos 27 anos num acidente aéreo, vôo JAL471, da Japan Airlines, no dia 14 de junho de 1972, aos 27 anos, no auge da fama, quando voltava de uma viagem feita para a Austrália.
Figura emblemática dos anos 60 e 70, em meio à emancipação da mulher, a conquista da liberdade sexual e a ditadura militar, Leila quebrou tabus e foi amada e odiada por milhares de pessoas.
Além do cinema, Leila esteve presente também no momento de consolidação das novelas da Rede Globo.
A professora de jardim da infância já mostrava sua personalidade libertária ao abolir a mesa para ficar mais próxima das crianças.
Em 1961, aos 17 anos, a paixão pelo cineasta Domingos de Oliveira, com quem se casou, determinou sua entrada para o teatro e tv.
Sobre a experiência como professora, disse em entrevista ao Pasquim:
SÉRGIO. Uma pergunta meio piegas: você foi professorinha e…
LEILA. Professorinha uma (*). Fui professora.
SÉRGIO. Está bem. Você tem saudade daquele tempo? Gostaria de apagar tudo e voltar a ser professora? LEILA. Não gostaria de apagar nada da minha vida.
SÉRGIO. Criança é chata então?
LEILA. Nada chato, não. Eu amo crianças. Há muito folclore ao redor disso, mas eu gosto muito de crianças. Mas eu gostei de ser atriz e seria muito difícil voltar a ser professora. (...) Bem, eu tenho uma relação com crianças muito boa, consigo chegar e dialogar com elas. Na minha sala eu aboli a mesa da professora, não existia, minha mesa era igual a deles, minhas coisas eram guardadas como as deles, eu mexia nas coisas deles, tanto quanto eles mexiam nas minhas, não tinha problema. A gente trocava lanche, eu levava coca-cola e eles gostavam mais do que leite e a gente trocava, eu fazia a maior zona. As mães, porém, não gostavam. (...)
LEILA - (...) Eu era muito summerhiliana, antes mesmo de conhecer o livro. Depois, fiz até umas críticas.
Link da entrevista na íntegra
Fez 12 novelas, em 4 emissoras:
"Ilusões Perdidas" (TV Globo, 1965) foi a primeira novela diária da TV Globo, estreando em 26/04. Leila Diniz, no papel de vilã, e Reginaldo Faria protagonizavam a trama, formando um par romântico.
"Paixão de Outono" (TV Globo, 1965) foi a primeira novela das 21h30 da TV Globo. Leila fez o papel de Maria Luísa.
"Um rosto de mulher" (TV Globo, 1965/1966) era uma trama romântica que relata o drama de uma mulher que tem dupla personalidade.
"Eu compro esta mulher" (TV Globo, 1966) - era a perversa Úrsula, disposta a destruir o amor de Federico (Carlos Alberto) e Maria Teresa (Yoná Magalhães).
"O Sheik de Agadir" (TV Globo, 1966/1967) - na novela de Glória Magadan, baseada no romance Taras Bulba de Nicolai Gógol ela era a jovem e e bela Madelon.
"A Rainha Louca" (TV Globo, 1967) - Lorenza
"Anastácia, a Mulher sem Destino" (TV Globo, 1967) - Leila era Anastácia, uma moça pobre que escobre que é a filha caçula do último czar russo, Nicolau III. Leila Diniz interpretou dois papéis: Anastácia, seu papel original, e a filha dela.
Uma versão diz que a TV Globo, do Rio de Janeiro, não renovou o contrato de atriz, pois de acordo com Janete Clair, não haveria papel de prostituta nas próximas telenovelas da emissora.
"Segundo Boni, a ausência de Leila nas novelas da casa se explica pelo fato de a atriz ter recusado um convite da emissora, em determinada ocasião, para atender a outra proposta da TV Excelsior, em seguida. Por isso Leila, morte em 1972, teria sido persona non grata na Globo."
Fora da Globo fez:
* O Direito dos Filhos - Ana Lúcia (TV Excelsior, 1968)
* Acorrentados - Irmã Amparo (TV Rio, 1969)
* Vidas em Conflito - Débora (TV Excelsior, 1969)
* Dez Vidas - Pompom (TV Excelsior, 1969/1970)
* E Nós, Aonde Vamos? - Beth (TV Tupi, 1970)
Em "Dez Vidas" substituiu Regina Duarte no personagem, quando ela foi contratada por outra emissora, no meio da novela.
* Na televisão também foi modelo de propaganda, vendendo Coca-Cola, sabonetes e creme dental.
Sua filmografia:
1966 - O Mundo Alegre de Helô (Carlos Alberto de Souza Barros)
1966 - Todas as Mulheres do Mundo (Domingos de Oliveira)
1967 - Jogo Perigoso / Juego Peligroso (Luiz Alcoriza, Espanha)
1967 - Mineirinho Vivo ou Morto (Aurélio Teixeira)
1967 - Edu, Coração de Ouro (Domingos de Oliveira)
1968 - O Homem Nu (Roberto Santos)
1968 - Fome de Amor (Nelson Pereira dos Santos)
1968 - A Madona de Cedro (Carlos Coimbra)
1969 - Os Paqueras (Reginaldo Faria)
1969 - Corisco, O Diabo Louro (Carlos Coimbra)
1969 - Azyllo Muito Louco (Nelson Pereira dos Santos)
1971 - O Donzelo (Stefan Wohl)
1971 - Mãos Vazias (Luiz Carlos Lacerda)
1972 - Amor, Carnaval e Sonhos (Paulo César Saraceni)
* Em 1971, casou-se com o diretor de cinema Ruy Guerra. Foi eleita a Grávida do Ano no programa do Chacrinha. Sua foto de grávida de biquíni, numa praia, em 1971 é uma das imagens que virou ícone de sua época. Apaixonada pelo mar, batiza a filha como Janaína, que quer dizer a rainha do mar.
* Leila Diniz quebrou tabus de uma época em que a repressão dominava o Brasil, escandalizou ao exibir a sua gravidez de biquini na praia, e chocou o país inteiro com suas dec larações.
* Perseguida pela polícia política, Leila escondeu-se no sítio do colega de trabalho e apresentador Flávio Cavalcanti, de cujo programa foi jurada, no momento em que é acusada de ter ajudado militantes de esquerda.
* Após o acidente que a matou, sua amiga, a atriz Marieta Severo e o compositor e cantor Chico Buarque de Hollanda cuidaram da filha de Leila Diniz e Ruy Guerra, durante muito tempo; até o pai da criança ter condições de assumir a filha, Janaína Diniz Guerra.
* Em 1987 a vida de Leila foi retratada no cinema por Luiz Carlos Lacerda. Louise Cardoso incorporou o papel com grande empenho no filme "Leila Diniz".
* Rita Lee também a imortalizou em seus versos "Toda Mulher é Meio Leila Diniz", na música "Todas As Mulheres Do Mundo", de 1993.
Frases de Leila:
"Transo de manhã, de tarde e de noite."
"“Você pode amar muito uma pessoa e ir para a cama com outra. Já aconteceu comigo”
Uma frase sobre Leila:
"Sem discurso nem requerimento, Leila Diniz soltou as mulheres de vinte anos presas ao tronco de uma especial escravidão." (Carlos Drummond de Andrade)
Para ver Leila hoje - Links para vídeos:
Filme "Todas as Mulheres do Mundo" (1966)
Filme "Os Paqueras" (1969)
Musical "Leila Diniz e Dalva de Oliveira" (1972)
Fotos de várias épocas
Ana Maria Magalhães no início dos anos 80, dirigiu um documentário sobre Leila Diniz que se tornou o primeiro vídeo com produção independente a ser exibido pela televisão brasileira.
Fontes pesquisadas:
Wikipedia, Teledramaturgia, NetSaber, Meu Cinema Brasileiro, Sem Cortes, Isto É Gente, Estadão - "Boni nega que Janete Clair vetava Leila Diniz em novelas" , Portal Brasileiro de Cinema .
Antes de sair da Globo, ela fez A Rainha Louca.
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